sábado, março 19

Esse papo de usina

Todos têm conhecimento das catástrofes do Japão. Tsunami, terremotos e, como se não bastasse, agora vem a Usina Nuclear de Fukushima e explode. Pronto, o mundo todo em foco com a notícia, claro que não era pra menos.
Desastres nucleares são perigosíssimos, não é a toa que denominamos ‘’desastres’’. Eles matam sorrateiramente, mostrando que o pior inimigo é o que não se pode ver. Um exemplo clássico é Chernobyl. Um dos reatores da usina explodiu em 1986 causando estragos incomensuráveis. Pessoas mortas afetadas por radiação, gerações sofrem ainda com anomalias genéticas e enfermidades. Se vocês pensam que as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki causaram problemas, saibam que a radiação proliferada em Chernobyl foi 400 vezes mais forte. É, com Césio – 137 não se brinca. Mesmo décadas depois da explosão a região é tida como “Zona Fantasma”. Nada que se planta cresce, nenhum habitante, até os insetos que por lá se arriscam vivem menos.
No Brasil, em Goiana, trabalhadores desinformados tiveram contato com esse mesmo Césio - 137, um elemento brilhante que escondia seu perigo na bela cor violeta. Os lixeiros apresentaram o elemento à família, amigos... Todos passaram o líquido brilhante na pele. Morreram contaminados pela radiação.
É por isso que a explosão da Usina Nuclear no Japão gerou uma mobilidade mundial a respeito do modo com que se trata a radiação. Ora, todos sabem que o Japão tem nerds sem vida social engenheiros altamente capacitados. Por estarem sujeito a esses abalos devido às formações recentes da ilha, as construções são feitas de maneira que possam suportá-las. Mesmo assim, eles não conseguiram, ou não acharam viável se é que você$ me entendem construir uma usina que suportasse um terremoto e um tsunami.
Agora o mundo anda preocupado com as suas usinas. É claro que, com ‘’mundo’’ não incluo Brasil & América Latina. A Alemanha ordena fechamento de reatores anteriores a 1980; Suíça suspende temporariamente os projetos de reforma das centrais; Índia e Rússia mandam revisar usinas; dizem as más línguas que até Obama entrou na onda de revisão geral.
            Mas é claro que nós não precisamos disso! Os caras que conhecem o assunto dizem que não há porque temer. O Brasil tá aqui, no meio de uma placa tectônica, bem de boas. Não tem vulcão ativo, terremoto não chega, então pra que revisar? O representante da Eletronuclear (responsável pelas usinas daqui) diz que as medidas tomadas pela Suíça "são puramente emocionais". Trocando em miúdos, as obras não pararão.

            Quem sou eu pra questionar o que os nossos especialistas no assunto falam, porém eu devo salientar que acho estranho: no resto do mundo há uma revisão/preocupação geral e no Brasil não há necessidade?  

>Para mais informações:
http://bit.ly/g3idde

OITO DE MARÇO


   Deixe-me tirar o pó desse blog. De fato uma faxineira deveria vir aqui. É melhor nem olhar muito porque é capaz de ter barata voando sim, eu sou muito engraçada.
    Bom, eu vou fazer mais uma exceção a regra com esse post, pois o blog é meu e eu ponho o que eu quiser esse texto foi feito ano passado por mim em homenagem ao dia internacional da mulher. Eu, particularmente, acho esse dia muito importante e - apesar de já ter passado – quero deixar essa historinha aqui.
   Para quem não sabe, embora todos devessem, esse dia surgiu quando 300 funcionárias de uma fábrica exigiram salários iguais aos homens (nada mais justo, já que o trabalho era o mesmo) e, em resposta, foram queimadas. Até hoje não há essa igualdade, diga-se de passagem, governos são obrigados a fazer cotas para o ingresso da mulher no cenário executivo. Um absurdo! Mas enfim, aqui vai a narração carinhosamente elaborada em quatro horas.

                                                                 
OITO DE MARÇO

            Em uma casa antiga, no bairro de Perdizes, um arquiteto lia o quinto capítulo de “Emílio”, escrito por Rosseau, enquanto sua mulher fazia o jantar. Ele pensava em filosofia, ela na viagem de férias. Queria conhecer um lugar novo, mas o homem preferia ir novamente à França, à romântica Paris - ou melhor, ao velho Pantheón-. A TV estava ligada enquanto passava o noticiário.
            Esposa mantém homem refém”.
            Desligou. Foi dormir.
            No dia seguinte, o arquiteto foi tomar café – com leite e descafeinado - que sua mulher lhe servia. A mulher falava da vontade de recomeçar a faculdade (tinha parado quando engravidou). O homem murmurou que tudo bem, desde que não atrasasse o jantar.
            Na capa do jornal, uma mulher de avental com uma faca de cozinha na mão, aparentemente na janela obscura de um cômodo qualquer. “Esposa ameaça matar...”. Fechou o jornal. Foi trabalhar.
            Estava um caos lá fora, um trânsito maior que o normal Que será que tinha acontecido ? O arquiteto ligou o rádio: “Julieta disse que matará o homem com quem vive há dez anos...”. Mudou de estação: “A mulher está totalmente desprovida de sanidade mental...”. Outra vêz: “Pessoas se sensibilizam com a situação, uma multidão se encontra no local, inclusive uma mulher loira, que chora compulsivamente em frente ao prédio da vítima: - Como uma esposa pode fazer isso com o marido? É horrível! Ele sempre tão bonzinho...”-.Uma última: “A polícia cercou o local e interditou a rua que fica em Perdizes...” Colocou na FM, mas a notícia o perseguia. Desligou o rádio. Tentou caminhos alternativos.
Enquanto isso, Joana arrumava a casa, pensando em nada. Lavava, limpava os livros do marido; passava sem perceber por filósofos renomados tal como Pitágoras, Aristóteles e Kant.
            No dia seguinte o trânsito não diminuiu. Outro dia e nada. Nem no outro. Os caminhos alternativos não surtiam mais efeito, pois o trânsito se estendia a eles também. A notícia ainda tomava conta do rádio, televisão, jornal, não se falava em outra coisa.
            Desligou o rádio e a TV; fechou o jornal e a revista; tapou os ouvidos para os comentários. Uma mulher assim não merecia sua atenção. Então reclamou do jantar, Joana ainda falava em faculdade. O homem foi dormir com sua mulher.
                        Por fim, no dia oito de março, o trânsito voltou ao normal. A notícia se foi, mas a curiosidade pairava no ar. O que será que acontece? A mulher matou o homem? Foi presa? Matou-se? Tudo acabou bem? Ligou o rádio: “Na classificação geral do brasileirão...”. Mudou de estação: “Uma frente fria avançará sobre...”. Outra vez: “estréia em cartaz essa semana...”. Uma última: “você quer ganhar ingressos para o show...?”. Colocou na FM, mas a informação não era mais notícia. Desistiu de trabalhar e foi procurar o caso dessa mulher louca, achou em um velho jornal de dois dias atrás:
            “Mulher desvairada mata o marido a facadas
            Julieta dos Santos, 35 anos, mata o marido após uma semana de confinamento na residência onde os dois moravam. Testemunhas contam que não ouviram, nem viram nada de atípico no apartamento no dia em que a esposa aplicou sedativos no homem e o amarrou ao fogão. Vizinhos falam, ainda, que não eram comuns as brigas entre o casal. [...] Julieta entregou-se à polícia logo após matar o marido com uma faca de cozinha e disse – no ápice de sua insanidade mental- que não iria oferecer resistência desde que não fosse algemada. Segundo a mulher, esta já teria sido muito algemada, no entanto as autoridades negaram qualquer passagem de Julieta pela polícia.”
             Pensou...
       Talvez fosse melhor Joana fazer uma faculdade, indagava o arquiteto. Pensava em deixá-la escolher também o destino da viagem (Estados Unidos, Casa da Cascata?). É, ia deixar sim.
            O marido deixou o jornal no banco de trás. Correu para comprar flores para a esposa. Tarde demais. Mal sabia que a esposa largara o jantar e desvendava seu “mito da caverna”. Afinal, era oito de março.

quarta-feira, março 2

Vamos aplaudir ?


   É com grande prazer que eu retorno ao meu blog e aos meus ávidos cinco leitores sou muito pop para falar de, adivinha só, política!

   Antes de tudo, ah, a liberdade! Eu fiz uma redação sobre política no sábado e do que mais senti falta foi de espaço. Quarenta linhas é muito pouco, gente, não dá nem pra brincar!
   Bom, voltando ao que não interessa: política no Brasil. Todos nós sabemos a lástima que ela é, isso não precisava nem ser mencionado. Corrupção é a palavra-chave. Mas também outras: desrespeito, desinformação, desinteresse, descontentamento, desgosto. Quanto dês! Por estarmos tão saturados deles, quando algo bom aparece gera susto e vira notícia. Infelizmente merece ser mostrado.
   José Antônio Reguffe é economista, LÓGICO um político, preste atenção nessas palavras, decente sim, você leu político e decente na mesma frase.  Ele foi eleito deputado federal com o maior número de votos, (266 mil) totalizando quase 19% dos votos válidos. Na Câmara ele já ‘’chegou chegando’’ e causou polêmica ao recusar várias regalias e cortar verbas. SUAS PRÓPRIAS VERBAS! ! Ele abdicou o 14º e 15º salário, reduziu o número de assessores (de 25 para 9),  o seu  “cotão” –cota interna do gabinete- foi diminuído de R$ 23.030 para R$ 4.600 (oitenta por cento!). Ele abriu mão de mais como auxílio-moradia, verba indenizatória, cota de passagens aéreas etc.  

   Agora, vamos jogar um pouquinho com os números ? Ele vai economizar, nos quatro anos de mandato, R$ 2,3 milhões. Se os outros 512 deputados também seguissem o exemplo hahaha piadinha seriam $1,2 bilhões a menos no bolso do contribuinte. Agora, se a memória não me falha, a nossa presidenta dilmelete Dilma iniciou o ano cortando R$ 1,8 bilhões em gastos. Supondo essa utópica economia de R$ 1,2 bilhões por parte dos nossos hahaha piadinha de novo deputados, restariam apenas seis pra cortarmos. Ao invés disso, os parlamentares que fiquem com suas regalias e o povo –como sempre- que assine o cheque.

   É tudo muito lindo, muito bonito, só que uma atitude dessas, entretanto, devia mesmo ser tão comentada assim exatamente como eu estou fazendo ? Se, por um lado um corrupto não é mais nem conhecido, por outro um bom político sai em todos os jornais. Não era pra ser ao contrário ? A banalização da má política chegou a tal ponto que há uma lista para maus atos e não conseguimos, ao menos, lembrar todos os nomes. Tudo bem, se não nos recordam os maus, só nos resta rememorar os bons.

   Enfim, mais do que cortar gastos, Antônio Reguffe tem propostas e ideologias de um homem de bem. Comprar briga com os outros 500 deputados que não seguem os padrões da ética não é para quem quer, mas sim para quem tem coragem. É –ainda- valido lembrar que, como diria Raul Gil, vaaaaamos aplaudir o poeta: uma andorinha só não faz verão. Ele sozinho não conseguirá efetivar as mudanças que planeja, porém suas atitudes carregam a importância (e o reconhecimento!) do primeiro passo.